
Somos histórias mal contadas, mal elaboradas. Tramas vividas que se enroscam no inconsciente, mesclando o vivido com o imaginário. Somos histórias com um vácuo onde deveriam existir palavras.
Somos textos, somos metáforas escritas e faladas. Somos o conto dos nossos netos, dos nossos avós, dos nossos outros. Somos uma frase que procura um ponto final por iludir-se ser inteira, estando sempre pela metade. Inacabada.
Somos a metade que não se conclui. A fala muda. O discurso Silencioso. O dito não dito. Somos então um enredo que pensa acabar o inacabável.
A metade nossa de cada dia. Metade nossa de cada choro. Metade nossa de cada partida. Somos parcelas incompletas em nossa pequenez, e nos lançamos ao outro na ilusão de nos completar.
Somos dores pela metade, e mesmo crendo em nossa inteireza, continuamos sendo metades doídas em busca de outras metades. Somos histórias procurando finais felizes dentro de outras histórias. Somos os (hum)anos que florescem com o Tempo, reescrevendo nossa incompletude a fim de nos enlaçar com outras metades, outros amores. E assim, todo amor envolve outros amores mais.